Nunca encontrei ninguém completamente incapaz de aprender a desenhar.

John Ruskin, intelectual inglês do século XIX


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sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Outuno quando ainda havia Outono em Oliveira do Hospital no ano 2017




Neste momento não sei se as duas árvores que originaram aquele desenho, publicado há umas semanas, ainda existem. Ou se desapareceram no incêndio terrível na fustigada Oliveira do Hospital, enquanto outros mais de 500 incêndios em simultâneo destruiam florestas, culturas, fábricas, carros, animais… pessoas, em Portugal, no dia 15 de Outubro de 2017.

O fogo parou a poucos metros da casa dos meus avós, porque a minha mãe, o meu avô de 90 anos e um casal que vinha fugido de outro incêndio, a alguns quilómetros, lutaram com todas as forças contra as fagulhas lançadas por um pinhal abandonado e ardente a dezenas de metros. As casas estão a salvo, mas as almas receio que jamais serão as mesmas.

Amanhã de manhã ao acordar vou deparar-me com a cinzenta realidade. Daqui a duas ou três semanas ervas e fetos vão brutar de forma incrível por entre as cinzas. Eu sei porque vi isso acontecer em 2003 quando o fogo ficou a 200 metros.

Este desenho marca um momento muito importante das nossas vidas e tornou-se por um isso um dos mais importantes que alguma vez fiz.

Esta é uma oportunidade única para que a reflorestação do Centro e Norte de Portugal se faça como deveria estar feita há dezenas de anos. Conhecimento científico não falta. Faltou até hoje vontade política. Precisamos também de uma reforma para termos muito mais sapadores (bombeiros profissionais) e voltarmos a ter um corpo de guardas florestais.




7 comentários:

hfm disse...

Um texto que nos deixa com um imenso nó na garganta. Um belo desenho. Não consigo dizer mais nada, Rita.

Pedro disse...

Uma história dramática e oportunamente aqui muito bem contada. Emocionante.

Marcelo de Deus disse...

Força nas canetas Rita !

Teresa Ruivo disse...

Que horror Rita! Ainda bem que fizeste este desenho. Está, agora, ainda mais carregado de força e emoção.

Rosário disse...

Uma história que nos deixa muito tristes e sabemos que muita coisa correu mal!
Desenho com muita força!

Isabel Alegria disse...

Coragem, Rita, para a tua viagem!
Que essa regeneração que tão bem conheces da Natureza te inspire.

Alexandra Baptista disse...

Um abraço...